segunda-feira, 23 de março de 2015

De Quando Pranteei Por Aquela Flor



E eu pranteei pela flor,
eu jardineira sou e a caminho
do meu jardim,
vi ali;
plantada perto da estrada
uma flor emaranhada,
empoeirada,
flor machucada;
corri para ajudar,
aquela flor que estava
murcha,
mas a flor se indignou,
se lamentou, sentindo dor
e o regador não aceitou...
Plantada ali em terra seca
e, eu tentei remediar-lhe as feridas...
Eu vi a flor em revoltas
se lamentar do duro chão,
a mendigar por água e pão,
eu vi a flor se condoer
e ao véu da morte se entregando...
Eu vi a flor perdendo as pétalas,
eu vi a flor perdendo o néctar,
a flor que outrora exalava perfume
entregar-se ao canto fúnebre
e eu, segui o meu caminho...
Eu a jardineira sou,
segui o caminho a prantear
pela flor;
quem dera poder cuidá-la
como cuidei das minhas flores,
se ela aceitasse, teria o mesmo
olor do meu jardim que a cada dia germina...
Sorriria com a visita das borboletas,
aprenderia a derramar versos com papel e caneta...
Eu a jardineira sou,
compadeci a morte daquela flor
que desistiu da vida e ao véu da morte
entregou-se.


Ely Monteiro
Imagem: Google

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