Querido diário, hoje lembrei que te esqueci
em algum lugar na
gaveta.
Junto a ti foram trancadas um milhão de palavras,
guardião dos meus versos, às vezes inversos;
complexos, intensos, melancólicos tormentos.
Ajuntei-me e espalhei-me
em cada página virada,
nos medos, na ansiedade das madrugadas.
Confidente e presente, caderno de adolescente;
às vezes dormitava debruçada,
sobre ti minha alma descansava
e, quando do mundo eu me ausentava
corria para ti, meu terapeuta silencioso;
escrever nas linhas das tuas páginas
era química perfeita, meu ritual;
então meu espírito e teu espírito
banhavam-se em chuva de palavras.
Ely Monteiro
Imagem: Google
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